Egito

A viagem para o Egito foi a minha despedida da época que morei em Londres. Foram 2 semanas espetaculares, mesclando a parte cultural do país com algumas aventuras na península do Sinai. Viajamos no mês de julho, sob um calor escaldante que não dava trégua. O Egito é um país extremamente pobre, e a realidade me pareceu bem pior do que o que vivenciamos no Brasil.

Além disso, um ponto importante para quem pretende visitar o país é entender um pouco da cultura do povo, especialmente da questão religiosa. Apesar de não ser um país considerado radical, a religião predominante é o islamismo, que possui suas peculiaridades, principalmente no que diz respeito ao tratamento dispensado às mulheres. Outro ponto fundamental é que tentar se virar sozinho pelo Cairo é um desafio e tanto, e esse era o meu plano inicial. Porém logo ao chegar no King Tut Hostel fui convencido a pegar um pacote, que na verdade não me custou muito mais caro do que eu havia planejado, considerando todas as cidades que passaria pelo país. Então, meu conselho é: Pegue um guia para conhecer o Cairo ao menos. [mapsmarker layer=”7″] Visitamos 4 cidades no país (além de uma esticadinha até Jerusalém), veja o relato de cada uma delas abaixo:

Cairo

Independente do seu tipo de turismo preferido, a passagem pela capital egípcia é praticamente obrigatória, visto que aqui estão alguns dos principais pontos turísticos do país. Como já havia colocado, a primeira impressão que tive da cidade foi CAOS. O trânsito é realmente uma loucura, chegando a ser, inclusive, uma atração turística. Conforme falei, ficamos hospedados no King Tut Hostel, onde o carismático dono do hostel nos convidou para um chá e nos apresentou seus serviços turísticos pelo país, o que valeu a pena. Já no primeiro dia fomos ver o por do sol e o show de luzes nas pirâmides de Guiza (ou Gizé, Guizé…), porém, como ficaríamos sabendo posteriormente, de um jeito pouco usual.

Por do sol e show de luzes nas Pirâmides

De carro, depois de entrarmos em algumas várias ruas na contramão e ouvir algumas buzinas e palavrões, chegamos no local de onde sairíamos, de camelo, até o local onde assistiríamos ao sol se por. Verdade seja dita, as pirâmides são cercadas por uma imensa favela, e foi no meio dessa favela que sentamos em uma tenda e aguardamos os camelos. Tão logo os camelos estavam prontos, partimos, acompanhados por um guia a cavalo e uma criançada (a cavalo, bicicleta, correndo e etc). Passamos por alguns minutos pelos becos e vielas da favela, e foi legal ver essa parte da cidade, que é algo que sempre me interessa (a cidade que os turistas geralmente não veem). Em poucos instantes as pirâmides estavam lá, realmente grandes, naquele cenário paradisíaco. Subimos um conjunto de dunas, que na realidade fica do lado de fora do parque das pirâmides, que é cercado e tem seu acesso controlado. Abaixo, um vídeo do início do trajeto: Ficamos ali por aproximadamente uma hora, tirando fotos da paisagem e, por fim, do por do sol. A paisagem é fotogênica demais e, apesar de ser um tipo de passeio diferente em razão do contato com a parte bem pobre da cidade, recomendo aos que não tiverem medo dessas situações. No retorno, nosso guia nos parou em um beco e nos questionou se tínhamos gostado do passeio e do guia e nos disse que, caso tivéssemos gostado, deveríamos lhe dar algumas gorjetas. Aquela atitude nos soou um pouco agressiva (e de fato foi), mas depois eu entenderia melhor que praticamente todos esperam receber gorjetas. Por do sol Ao final do dia fomos para o alto de um prédio na mesma favela, e de lá pudemos acompanhar o show de luzes, que de fato é muito bonito e conta um pouco da história do lugar. Eu não sabia que assistiríamos ao show do alto de um prédio do lado de fora do parque, mas foi mais uma experiência diferente do usual, e isso geralmente me agrada. Pirâmides de Guizé

Pirâmides de Guiza

No dia seguinte era dia de visitar as Grandes Pirâmides de Guiza. Antes de irmos às pirâmides conhecemos também o complexo de Saqqara, trinta quilômetros ao sul do Cairo. Partimos novamente da favela ao redor do complexo, e mais uma vez em um camelo. O lugar é espetacular, não há palavras para descrever a grandiosidade, que ficou melhor refletida nas fotos que tirei (veja o álbum aqui). Meu melhor conselho nessa visita é estar preparado para o sol e para o calor. Muita água e, quando possível, sombra. Isso sem falar no protetor solar, companheiro inseparável para quem vai encarar o deserto. Pirâmides

Aswan (Assuão)

De Cairo partimos de trem (http://www.wataniasleepingtrains.com/) para Aswan, cidade ao sul do Egito. O trajeto todo levou aproximadamente 12 horas, durante a noite. A cabine é de fato confortável, são servidas refeições e o trem é seguro, até onde pude constatar. Aswan é o ponto de partida para os templos de Abu Simbel, no extremo sul do país, 230 km distantes de Aswan, quase na fronteira com o Sudão. Abu Simbel talvez seja a principal atração da região, mas Aswan possui também outros atrativos. Veja abaixo o relato de cada um dos lugares que visitei na região:

Abu Simbel

Vamos começar por Abu Simbel. Abu Simbel é um complexo arqueológico onde se encontram dois templos que foram escavados na rocha, por ordem do faraó Ramsés II, como homenagem à Nefertari, sua esposa preferida (dentre as centenas que ele possuía), e a si mesmo. O mais curioso é que o local onde os templos se encontram hoje não é o local original de construção. É que na década de 1960, em razão da construção de uma barragem na região, foi formado um lago de grandes proporções (Lago Nasser). O nível atingido pelo lago artificial deixaria todo o complexo submerso, razão pela qual ele foi cirurgicamente movido para uma outra área, mais alta, mantendo exatamente suas características. O templo de Ramsés (que também é uma homenagem aos deuses Rá, Ptah e Amun-Rá) é o maior dos dois templos, e um dos mais bonitos e bem preservados do país, e certamente vale a visita. Outro fato curioso é que o templo foi construído de modo que em dois específicos dias do ano o sol penetra no templo, iluminando as estátuas localizadas ao fundo, com exceção da estátua do deus Ptah, que possuía ligação com o underworld e que sempre permanecia no escuro . Esses dias são 22 de outubro e 22 de fevereiro e, apesar de não haver evidências claras que demonstrem tal fato, acredita-se que essas datas sejam respectivamente o nascimento e a coroação do faraó. Apesar de menor e mais simples, o templo de Nefertari (que também é uma homenagem à deusa Hathor) é majestoso e uma grande demonstração do que a civilização egípcia foi capaz. Abu Simbel

Obelisco Inacabado (Unfinished Obelisk)

Em Aswan estavam situadas algumas das pedreiras do antigo Egito, locais de onde eram extraídas as rochas para construção de monumentos. Em uma dessas pedreiras está localizado o obelisco inacabado, um obelisco escavado na rocha, mas que por alguma razão não foi concluído, permanecendo na rocha original. Uma das questões que nos intrigam é como que uma rocha desse tamanho (o obelisco inacabado possui 41 metros, por exemplo) era transportada. Especialistas acreditam que os monumentos os egípcios transportavam as rochas pelo Nilo até sua origem, porém não existem evidências claras sobre isso. De todo modo, o obelisco inacabado é uma demonstração clara de como os monumentos eram construídos.

Templo de Phylae

O templo de Phylae fica localizado em uma ilha do Lago Nasser, logo o acesso é de barco. Assim como os templos de Abu Simbel, o templo de Phylae também teve que ser desmontado e remontado em um local mais alto em razão da inundação ocorrida pela construção da barragem de Aswan. Originalmente era localizado na ilha de Phylae, tendo sido relocado na ilha vizinha de Agilka. O principal templo do complexo é o templo de Ísis. A estrutura é grandiosa e definitivamente vale a visita. Phylae

Luxor

Partimos de Aswan em uma felucca, pequenos barcos tradicionais da região. Esse passeio de felucca é muito interessante. Você desce o Nilo de sul à norte, em direção à Luxor, parando em uma ilha da região para dormir, dentro do barco. É uma atividade muito legal e tranquila, com algumas peculiaridades. Primeiro, a água do Nilo é muito contaminada, não beba dela de forma alguma. Nem tampouco coma alimentos que usem a água do rio no seu preparo. Outra questão importante é que não há banheiros em sua parada, ou seja, necessidades fisiológicas só no mato mesmo. Essas peculiaridades, ao meu ver, só fazem o passeio ser mais divertido, já que sair da zona de conforto me atrai. Ah, o passeio normalmente inclui refeição, que é preparada pelos locais que conduzem a felucca. A felucca que pegamos era conduzida por senhores locais, idosos, e a comida que eles nos serviram foi certamente preparada com água do Nilo. Mas eu sobrevivi, ainda bem. De 3 pessoas que viajavam comigo, as 3 sofreram com “problemas estomacais” em razão da água do rio. Na realidade, se você escapar da viagem pelo Nilo sem se sentir mal, você pode se considerar um sortudo. Apesar dos pesares, achei o passeio de felucca um dos pontos altos da viagem, e foi lá que tirei uma das fotos que eu mais gostei na viagem: Local na felucca O passeio iria de Aswan até Luxor, mas em razão dos referidos problemas estomacais, acabamos fazendo a parte mais curta do passeio, que vai de Aswan até uma localidade próxima à Luxor, e de lá de carro/van até Luxor. Luxor é uma cidade grande, turística, com aeroporto próprio e talvez os templos mais interessantes de todo o Egito. Veja abaixo um relato das atrações que visitei:

Templo de Luxor e templo de Karnak

Estes dois templos ficam mais próximos do centro de Luxor e são bem interessantes de se visitar. Karnak me parece mais interessante, para ser sincero, talvez em razão de sua grandiosidade. O templo de Luxor foi ocupado na era Romana também, o que acabou por deixar sua marca na estrutura do templo com a construção de capelas cristãs e a pintura de figuras cristãs nas paredes que antes abrigavam figuras egípcias. Veja a foto abaixo: Templo de Luxor O templo de Karnak, como falei, é mais grandioso que o de Luxor e certamente não pode ser deixado de lado. As grandes estruturas de colunas realmente impressionam, não só pela beleza e os detalhes, mas principalmente se pensarmos em como uma estrutura assim pode ter sido construída naquela época. Veja abaixo algumas fotos que demonstram o que estou falando: Karnak Temple

Vale dos Reis e das Rainhas

O Vale dos Reis é uma região onde os faraós e nobres do Novo Império Egípcio construíram suas tumbas (obviamente não foram eles que construíram, mas vocês entenderam). Para maiores informações históricas, recomendo esse texto aqui e também esse aqui. Me permitam não entrar nos detalhes históricos do Vale (que vocês podem ler nos sites que indiquei acima), mas colocar alguns fatos que tornam o local interessante. Primeiro, são quase 70 tumbas, que vão desde pequenos buracos a palácios subterrâneos. Até 1922 63 tumbas tinham sido descobertas, até que a famosa tumba de Tutankhamun foi descoberta. Um das razões da fama é que a tumba estava praticamente intacta, ao contrário das demais, que foram saqueadas de todas as maneiras possíveis ao longo dos anos. A tumba do jovem faraó (acredita-se que subiu ao trono aos 9 anos) pode ser visitada, mas fotos internas são proibidas (assim como nas demais que podem ser visitadas). O Vale das Rainhas é um pouco menos badalado, mas a visita é válida em razão da proximidade com o Vale dos Reis. No Vale das Rainhas encontra-se a tumba de Nefertari, esposa preferida de Ramsés II e que foi homenageada com o templo de Abu Simbel. Vale dos Reis

Templo de Hatshepshut

Sem desmerecer o Vale dos Reis, o templo de Hatshepshut é espetacular. Não só o templo possui uma arquitetura sensacional, mas a vista do topo é muito linda, voltada para o Nilo, de onde se pode observar o verde, que no Egito encontra-se basicamente nas margens do rio. Um fato histórico importante é que Hatshepshut era uma mulher, conhecida como a mais importante mulher a ter governado o Egito. Mais uma vez não vou me atrever aos detalhes históricos, mas recomendo a leitura deste site e deste também. Templo de Hatshepsut

Veja todas as fotos da viagem ao Egito aqui.

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